O Preço do Despreparo: Como a Falta de Gestão no Setor Financeiro Impacta Fintechs, Juros e Consumidores

O setor financeiro no Brasil vive um paradoxo: de um lado, a revolução trazida pelas fintechs democratiza o acesso ao crédito e estimula a competitividade; do outro, a falta de regulação efetiva cria um cenário caótico, onde instituições abusam de lacunas legais e até operam como fachada para atividades criminosas. A recente prisão de Cyllas Elia, policial civil e sócio da fintech 2 Go Bank, por lavagem de dinheiro de R$ 6 bilhões, é apenas um exemplo de como o despreparo governamental alimenta essa cadeia de problemas.

Lavagem de Dinheiro: A Ponta do Iceberg

O caso do 2 Go Bank escancara uma fragilidade central: a fiscalização ineficaz. A fintech, que deveria ser um símbolo de inovação e inclusão financeira, foi usada como ferramenta para movimentar recursos ilícitos. Este é apenas um dos muitos exemplos de como brechas no sistema permitem práticas fora da lei. A ausência de mecanismos modernos e inteligentes para monitorar operações em tempo real compromete não apenas o mercado, mas também a confiança no setor.

Despreparo Regulatório e a Competição Desleal

Além das atividades criminosas, a falta de fiscalização eficaz prejudica empresas que atuam dentro das regras. Algumas fintechs que operam em convênios públicos extrapolam os tetos de juros definidos por decretos estaduais e municipais, o que lhes permite pagar comissões maiores e captar mais negócios. De forma semelhante, na antecipação de FGTS, a aplicação de Taxas de Conveniência (TC) é uma prática comum, mas algumas instituições extrapolam ao cobrar valores exorbitantes, muito acima do razoável, fugindo dos padrões éticos e morais esperados. Essas práticas não apenas prejudicam o cliente final que busca essa solução, mas também criam uma barreira para empresas que seguem as regulamentações e operam com equilíbrio. O resultado? Um mercado onde jogar conforme as regras significa perder competitividade e espaço.

Inércia na Gestão de Juros do INSS

Se o problema fosse apenas a falta de fiscalização, já seria grave. Mas o despreparo vai além: o teto de juros do consignado INSS, que foi rapidamente reduzido com a queda da SELIC, não acompanha o mesmo dinamismo para aumentos. Enquanto isso, instituições bancárias alegam que não conseguem operar com margens sustentáveis e começam a sair do mercado. O Ministro Luiz Marinho afirma que “dinheiro não vai faltar”, mas ignora a realidade operacional: Caixa e Banco do Brasil não têm capacidade para suprir a demanda nacional, especialmente em comunidades remotas. Nessas áreas, correspondentes bancários enfrentam desafios extremos, como atravessar rios entre tantas outras histórias incríveis que já ouvi de quem faz de tudo para levar crédito às margens esquecidas do país.

Conectando os Pontos: Uma Cadeia de Erros

O despreparo governamental (que já vem de longa data e se repete a cada gestão) cria uma cadeia de falhas que atinge todos os níveis do mercado:

1. A ausência de fiscalização permite práticas ilícitas, como a lavagem de dinheiro.

2. Lacunas regulatórias incentivam a competição desleal e abusos, como taxas excessivas e violação de tetos de juros.

3. Inércia em ajustes regulatórios, como o teto do consignado, afeta a oferta de crédito e dificulta o acesso em regiões vulneráveis.

Cada problema reforça o outro, formando um círculo vicioso que prejudica consumidores, empresas legais e a saúde do setor financeiro.

Conclusão: Uma Reflexão Necessária

A falta de gestão e preparo é o denominador comum em todos esses problemas. Ela permite desde ações criminosas, como a lavagem de dinheiro, até práticas moralmente questionáveis, como a exploração de consumidores. O impacto é claro: um mercado desigual, onde o desrespeito às regras é recompensado e o acesso ao crédito, especialmente nas áreas mais vulneráveis, é cada vez mais limitado.

Para romper essa cadeia, é urgente que os governos implementem ferramentas modernas de monitoramento e fiscalização, ajustem a regulamentação de forma dinâmica e que contemple as necessidades de todos os envolvidos no ecossistema do crédito — investidores, distribuidores, tomadores e tantos outros. Além disso, é fundamental priorizar a educação financeira em um país onde a necessidade de crédito é tão presente. A solução não está na burocratização, mas sim em uma gestão inteligente e eficiente. Empresas que vivenciam esses desafios diariamente, como os correspondentes bancários, têm um papel essencial em contribuir com sugestões práticas e soluções cirúrgicas. Já passou da hora de ampliarmos essa conversa e construirmos, juntos, um mercado mais justo e equilibrado.


Quer conhecer como a i9 Fintech enfrenta esses desafios com inovação e seriedade? Descubra como estamos transformando o mercado de crédito e seja parceiro cadastrando-se pelo nosso site: https://i9fintech.com.br


Por Yasmin Melo, ativista no mercado de crédito consignado e co-founder da i9 Fintech